sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Só uma noite


Já era tarde e o sono não vinha, minha cabeça estava a mil por hora. Estava me sentindo sozinha naquele lugar, tão meu e tão vazio.
Largada no sofá eu ouvia minha música predileta tocar no rádio enquanto tomava um vinho e fumava um cigarro pra tentar relaxar.
Infelizmente, nada disso estava adiantando, resolvi então procurar algo que me distraísse fora daquele lugar.
Tomei um banho demorado, me perfumei, escolhi a roupa mais provocante, e saí. Achei que dançar um pouco e beber alguma coisa me distrairia naquela noite aparentemente, sem fim.
Era só isso que eu precisava naquela noite. Um pouco de distração e nada mais.
Procurei um lugar desconhecido onde talvez eu me sentisse mais a vontade.
Ao entrar olhei ao meu redor, vi todas aquelas luzes radiantes, a música extravagante, o calor humano tomando conta daquele lugar. Fui fisgada pelo cheiro de paquera que estava no ar e principalmente porque ali, provavelmente não haveria ninguém conhecido que pudesse de alguma forma estragar com a minha noite.
Enquanto bebia uma ice estupidamente gelada, aproveitei pra dançar. Estava tão concentrada em mim mesma e no prazer que estava sentindo ali na pista, que não percebi quando alguém se aproximou, só pude sentir algo gostoso e com os olhos ainda fechados continuei dançando.
A música estava me relaxando e meu corpo naturalmente se soltando quando de repente senti um calor bem perto de mim, uma mão me tocando, tive receio de me virar e acabar com aquilo que estava tão confortante.  Era um toque macio acompanhado por um cheiro levemente doce que me guiava na dança, parecia que estávamos a sós na pista.
Envolvida com aquele momento, não reparei no detalhe da mão que me conduzia, senti que era delicada com unhas curtas, bem cortadas. Fiquei curiosa, mas em silencio desejei que não parasse.  
A surpresa foi grande quando finalmente me virei e deparei com uma linda mulher me olhando diretamente nos olhos e sorrindo pra mim. Fiquei parada por alguns segundos tentando entender o que tinha acabado de acontecer. Senti um misto de prazer, nervoso e surpresa. Não tive força e nem vontade de parar com aquilo, na verdade eu queria mais.
Continuamos dançando tão coladas, era como se não tivesse mais ninguém ali, além de nós duas. Sentia sua mão respeitosamente contornando todo o meu corpo, conhecendo cada centímetro dele e em cada toque, mais eu me doava.
É. Estava difícil de admitir que eu estivesse envolvida por aquele perfume e hipnotizada por aquele olhar que me penetrava a poucos minutos de um jeito que já não conseguia explicar.
Perdi o controle e a noção do que fazia. Aquela mulher fascinante sem muitos esforços, com certeza, já me tinha.
Os toques se aprofundaram enquanto dançávamos e seus lábios a cada passo mais dos meus se aproximavam. Em alguns momentos sentia perfeitamente sua respiração quente passar pela minha nuca, enquanto suas mãos firmes seguravam suavemente meus cabelos.
Não resisti e antes do que imaginava estava me entregando àquela aventura de pele clara e cabelos longos e negros.
A noite longa e prazerosa ao contrário do que eu achei, teve fim. Mas o prazer que tive foi tão múltiplo e inimaginável que quando me vi de novo sozinha largada naquele sofá, porém não mais vazia como antes, desejei que tudo aquilo não fosse só por uma noite.

                                                                                                       Fernanda Braga

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