quarta-feira, 11 de maio de 2011

Dois lados



No espelho vejo o reflexo de um anjo com suas asas atadas, seus pés presos ao chão com um olhar triste e distante.

Olho bem fundo, meus olhos turvos se perdem na imagem que via outrora, vejo que ela se desfigura se tornando algo voraz e aparentemente indestrutível na aurora.

Seus olhos penetram nos meus, lendo meus pensamentos e mexendo com o meu eu... Temo o que quer me dizer, como se quisesse me devorar e por fim, tento me render.

As imagens me confundem e já não sei mais o que sou.

Num momento um anjo puro, sem maldades, implorando por segurança e proteção dentro das grades.

Em outro, algo que desconheço, almejando ver a luz e voar num pé de vento.

Temo querer um vôo que me leve à solidão. Um lugar lindo e livre que não tenha alguém que me dê a mão.

Fernanda Braga   

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